Após se livrar das drogas, Cidinho retoma carreira com Doca e dupla planeja novo CD
Ressurgir das cinzas requer, além de determinação, um histórico relevante. Ter o que contar e celebrar é fundamental para se reencontrar e querer reviver. Depois de 21 anos do lançamento de um dos mais importantes hinos do funk, o “Rap da felicidade”, Cidinho e Doca buscam recuperar o passado de sucesso compondo as letras do futuro.
Do despontar para o estrelato até aqui, os momentos felizes se alternaram com drama. A dupla se desfez em 2007, cada um tocou sua carreira solo, mas Cidinho se afundou no crack. Restabelecido, ao lado do “amirmão”, ele agora só quer saber é de ser feliz.
— Sou um exemplo porque mostrei o que não deve ser feito e como se dá a volta por cima — resume Cidinho, de 37 anos, que conta em detalhes: — Já tinha usado todo tipo de droga, mas dei bobeira. Perdi minha família, bens materiais e a integridade. Depois de cinco anos, parei de fumar crack porque minha criatividade acabou. Isso me assustou. Mergulhei na pintura como fuga e me livrei do vício. Todo dia dispenso uma pedra. Hoje eu estou onde eu queria estar.
Companheiro inseparável do parceiro em todo esse tempo, Doca, de 38 anos, defende que só encontra a cura quem tem vontade própria. Evangélico, ele aposta na recuperação do amigo para a retomada da carreira da dupla, que faz show hoje à noite no Clube Náutico Volta Redonda.
— Ver o Cidinho usando crack foi uma coisa marcante. Era horrível! Eu só podia orar e acreditar na salvação dele. Que bom que meu amigo está limpo e focado — comemora.
Aos poucos, participações em atrações televisivas, como “Domingão do Faustão” e “Raul Gil’’, vão voltando a tomar conta do cotidiano dos meninos da Cidade de Deus. Até o fim do ano, além da agenda ocupada por shows, muitos projetos estão previstos, incluindo o clipe da canção que os tornou ídolos.
— O mundo dá voltas. Havia um clamor do público pelo funk que nós sempre fizemos. O “Rap da felicidade” quebrou muitas barreiras e se tornou o grito do nosso povo. Até o fim do ano, vamos gravar CD e DVD — festeja Cidinho.
Paralelamente à retomada da carreira e das apresentações pelo país, Doca se dedica à ONG que também leva o nome do maior sucesso deles, e que procura inserir crianças carentes nos esportes para livrá-las do contato com as drogas e da violência. Que a felicidade seja o caminho!