quinta-feira, 14 de maio de 2020

“A Twitch salvou minha vida”, diz DJ desempregado devido ao coronavírus


Tonny em transmissão com outros participantes (Foto: Reprodução/Twitch)

“A Twitch literalmente salvou a minha vida”. Essa é a reposta de Antônio Luís Mota Moreira, DJ há 35 anos e conhecido como Tonyy, que, em questão de dias, viu sua demanda de trabalho cair para zero. Com festas e eventos sendo cancelados para conter o avanço da COVID-19, ficou sem renda.

Ele é conhecido como um dos criadores da Trash 80s, uma das baladas mais famosas do centro de São Paulo. Contudo, de cinco anos para cá, foi para uma carreira solo, tocando em baladas e fazendo seus próprios eventos. “Eu também criei um serviço de cat sitter, mas, com a COVID-19, ambas as minhas fontes de renda acabaram”, contou em entrevista ao Canaltech.

Sem conseguir viver de nenhuma das duas vertentes, foi fazendo lives que ele voltou a receber “passando o chapéu”, como ele mesmo diz. Pegou sua controladora de som, o smartphone da esposa, algumas iluminações e pronto, criou a sua própria live na Twitch.

“Isso literalmente salvou a minha vida, pois eu tava sem renda nenhuma. A minha esposa teve o salário reduzido pela metade, trabalhando em home office também”, disse emocionado.

Tonyy se deu bem. Em duas semanas de doações em suas lives de segunda, quarta e sexta, ele conseguiu o equivalente a um mês de trabalho. “Eu fiz um agradecimento muito sério, pois literalmente as pessoas que fizeram as contribuições salvaram minha vida. Graças a isso, estou conseguindo me manter isolado, com minha esposa que tem asma, no grupo de risco”, agradeceu.

Contudo, Tonyy não está sozinho. O universo das lives ganhou mais adeptos fora dos temas tradicionais, sobretudo em plataformas como a Twitch. A plataforma é conhecida por ser direcionada para o público gamer, mas está caindo no gosto também de outros produtores.

Ao Canaltech, a empresa disse que não só teve aumento de audiência neste período de pandemia, mas que isso também se refletiu em diferentes categorias. “Observamos um crescimento de mais de 50% nas quatro semanas desde o início do distanciamento social se comparadas às quatro semanas anteriores. Em média, há 1,5 milhão de pessoas assistindo a conteúdos na Twitch a qualquer momento. E, durante esse período, observamos que as horas assistidas aumentaram 57% mês a mês”.

As transmissões de esportes e jogos casuais, que tradicionalmente são destaque no serviço, agora dividem a atenção do público com gente que atua no mesmo segmento que Tonyy. “Música é uma área em que observamos o crescimento mais significativo, tanto em horas de stream quanto em horas assistidas. Isso indica que a música, como uma categoria de conteúdo, tem muito potencial para sucesso na Twitch — e estamos vendo um grande interesse de músicos e de nossa comunidade”, explica a empresa.

Segundo a companhia, fora do universo de games, a plataforma vem experimentando um crescimento orgânico forte, com conteúdos não relacionados a jogos quadruplicando nos últimos três anos.




Explorar as ferramentas

Diante do bom momento em suas lives, Tonyy também quer ajudar amigos que não podem ou não têm equipamentos para fazerem suas lives de casa. Por isso, ele criou uma “festa” chamada Mi Casa, Su Casa.

A ideia é simples: usar a ferramenta de host da Twitch para dar visibilidade a mais de um DJ em apenas uma noite. Com ela, é possível transmitir uma live de outra pessoa para seus seguidores, como se fosse uma retransmissora de TV. “Começo a festa e, depois de uma hora e meia, uma outra DJ amiga minha entra, hospedando a live dela na minha página. As pessoas continuam assistindo à minha página, mas vendo a live dela. Aí, uma hora e meia depois, a gente entra com um terceiro DJ no mesmo esquema”, explica Tonyy. Com isso, ele espera unir os públicos de todos os músicos que se apresentam.


Dj Tonyy,  está trabalhando em um formato diferente: o de doações. O público contribui por PicPay, PayPal ou mesmo depositando diretamente na conta bancária do DJ. Apesar do bom momento, Tonyy acredita que é passageiro.

“Este ano eu não vejo chance nenhuma nem condições de saúde de voltar às baladas. Vou começando a tentar fazer outras coisas. Vou ter que me virar aqui, continuar meu trabalho de forma virtual. Essa coisa das lives, sei que vai começar a saturar. Aí vou ter de contar com a minha criatividade e com formas de não cansar as pessoas com relação a isso”, finaliza.

Fonte: Canaltech

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